A capacidade de cozinhar os alimentos e de retirar da natureza o máximo de sabor e de nutrimentos é, certamente, uma das principais competências do ser humano. Infelizmente, as sociedades modernas obrigam-nos a ter novos conhecimentos, tais como saber línguas, dominar a internet, utilizar um novo telefone…e no meio de tanta nova aprendizagem, a capacidade de transformar um produto da terra numa refeição segura, saborosa e saudável para toda a família tem vindo a ficar para trás. Apesar dos programas de culinária que se transformaram em verdadeiros shows mediáticos…tantas vezes longe das necessidades e possibilidades do dia-a-dia.
Aprender e ter algumas competências culinárias de base é uma necessidade familiar. As crianças que sabem cozinhar, comem de um modo geral melhor e mais saudável. Têm maior auto-estima e sentido de responsabilidade. Os maridos que cozinham regularmente valorizam mais quem cozinha e o esforço necessário para produzir diariamente uma refeição saborosa. Os adolescentes que aprendem um conjunto básico de aptidões culinárias estão mais preparados para viver sozinhos. As famílias que vão às compras ou repartem as compras têm uma maior noção do custo real de uma refeição. As famílias que ocasionalmente se reúnem para cozinhar, reconhecem nesta actividade um momento único de partilha, diversão e prazer e…também de coesão familiar ou espírito de equipa e solidariedade. Saber cozinhar não é apenas o caminho para a glória. Explorar novos pratos e ousar novos sabores é também um caminho arriscado, que por vezes falha e desespera. Também aqui a família pode treinar e aprender a perder. A detetar os erros e a fazer melhor da próxima vez. Todo um percurso que não pode nem deve ser feito solitariamente e que muito pode enriquecer uma família.
Assim o PNPAS propõe para 2015 algumas ideias para colocar em prática a aprendizagem culinária:
1. Cozinhar é difícil e exigente (ao contrário do que muita gente pensa).
Não vale a pena treinar um prato novo todos os dias. Se introduzir e treinar um prato novo por mês já será muito bom. Serão 12 novas ementas no final do ano. Daquelas que funcionam, que foram testadas e aprovadas por toda a família e amigos, como sendo fáceis, saborosas e do agrado geral.
2. Para perceber que o prato funciona teste-o com os amigos ou família no final do mês. Ouça comentários e sugestões.
Não se deixe levar pelas boas críticas e peça franqueza. Pode ser num jantar de família ao fim de semana. Depois de o ter apresentado continue as melhorias ao longo do ano. Tire notas e fotografias. Partilhe.
3. Treine o simples e o complexo com a família.
Difícil não é a preparação de um prato elaborado com excesso de ingredientes e com alta dificuldade técnica (deixemos essas “habilidades” para os chefs). Difícil é o nosso filho fazer um arroz e nunca ficar mal. Ou saber fazer uma boa sopa em pouco tempo. Ou ainda fazer uma saborosa sobremesa sem excesso de gordura e açúcar.
4. Ao escolher uma receita teste o seu valor nutricional.
Evite pratos com excesso de gordura ou sal. Evite preparações culinárias que necessitem de elevadas temperaturas durante muito tempo. Procure ingredientes de qualidade e sempre que que possível frescos. Escolha pratos adequados aos vegetais da época. Se o prato for saboroso e saudável será mais uma vitória para toda a família.
5. Comer é um ato cultural.
Procure refeições e pratos com uma história. Familiar, regional ou até nacional. A alimentação mediterrânica, por exemplo, é considerada pela UNESCO património imaterial da humanidade. E o seu prato, o que nos pode contar?