Acaba de ser publicado na prestigiada revista científica Lancet, um artigo sobre o futuro das crianças no Mundo onde a obesidade e a influência da publicidade e do marketing nas crianças são destaque.
“Apesar das melhorias substanciais na sobrevivência, nutrição e educação nas últimas décadas, as crianças de hoje enfrentam, ainda, um futuro incerto. As mudanças climáticas, a degradação ecológica, as populações migrantes, os conflitos, as desigualdades generalidades e as práticas comerciais predatórias, ameaçam a saúde e o futuro das crianças em todos os países.” (Lancet, 2020).
Uma nutrição adequada na infância é apontada como a base para um desenvolvimento saudável que se estende para idades mais avançadas. A obesidade é destacada como “um dos mais sérios problemas de saúde pública do século XXI”. O número de crianças e adolescentes obesos aumentou dez vezes, passando de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016.
A promoção do aleitamento materno e a regulação da publicidade e marketing dirigido a crianças são, também, apontados como aspetos relevantes no futuro da saúde e bem-estar das crianças. Atualmente sabemos que as crianças são alvo constante de estratégias de marketing e publicidade de alimentos, sendo que diversos estudos demonstram que a publicidade alimentar tem impacto nas suas preferências e hábitos de consumo alimentares.
Em Portugal, desde abril de 2019 que foi aprovada a lei que vem aplicar restrições à publicidade alimentar dirigida a menores de 16 anos (Lei n.º 30/ 2019 de 23 de abril). Esta nova lei atribuiu à DGS a responsabilidade de definir o perfil nutricional dos alimentos a limitar em matéria de marketing e publicidade dirigida a crianças, trabalho que foi desenvolvido pelo PNPAS publicado através do Despacho n.º 7450-A/2019 que determina os valores que devem ser tidos em conta na identificação de elevado valor energético, teor de sal, açúcar, ácidos gordos saturados e ácidos gordos trans. O PNPAS publicou também um documento que descreve o racional utilizado para a definição deste perfil nutricional dos alimentos, desenvolvido pela DGS, e que teve como base de trabalho o modelo de perfil nutricional da OMS.
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