Estou a ler:

Abóbora – Nem Doçura Nem Travessura

Notícias

Abóbora – Nem Doçura Nem Travessura

A presença da abóbora no Dia das Bruxas deriva de um passado que associa as comemorações celtas e cristãs a antigos ritos pagãos de celebração da passagem do tempo agrícola, em que se utilizavam pequenos candelabros ou velas dentro de vegetais para afastar espíritos malignos.

abobora-2

Desde o tempo dos Celtas, que se celebra a transição entre os tempos do calor e da abundância com a entrada no inverno e escassez de alimentos. Mais tarde, no século VIII, o Papa Gregório III determinou o dia 1 de novembro como a data adequada para honrar os santos e mártires e as duas comemorações fundiram-se integrando componentes de ambas. Na língua inglesa, a festa celta conhecida como All Hallows’ Eve (que celebrava a véspera do ano novo celta a 1 de novembro) deu origem ao Halloween. Marcava também o fim do verão celta e na noite de 31 acreditava-se que os espíritos dos mortos regressavam à terra, sendo necessário afastá-los através do fogo. Pelo contrário, os Druidas apreciavam muito a data e consideravam esta noite adequada para fazerem as suas profecias para o futuro. Mais tarde, o Halloween deu origem ao Dia das Bruxas, que só recentemente se começou a celebrar entre nós, num modelo mais anglo-saxónico. E os doces e as travessuras vieram muito mais tarde já no séc. XX.

Em Portugal, a tradição festiva varia dependendo da região. Em certos locais, as crianças ainda pedem o “pão-por-deus” recitam versos e recebem como oferta, pão, broas, bolos, romãs, frutos secos, nozes, amêndoas, castanhas…que colocam dentro dos seus sacos. Em algumas povoações da zona centro chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’. Os bolinhos típicos são especialmente confecionados para este dia, sendo à base de farinha e erva doce com mel (noutros locais leva batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes. Infelizmente, com a progressiva implantação do Halloween em Portugal esta prática antiga, com muitas variações locais, está ameaçada. O “Pão-por-Deus” pode considerar-se uma manifestação do Património Imaterial português. “Com as alterações do nome da tradição, da forma e conteúdo da tradição oral, e também o tipo de máscaras que passaram a ser utilizadas pelas crianças, a introdução do “Halloween” eliminou por completo as conotações religiosas muito presentes na antiga tradição do “Pão-por-Deus”.” E introduziu inúmeros doces com elevado valor calórico e sem qualquer valor nutricional, ao contrário das práticas ancestrais.

A presença da abóbora nesta festividade deriva de um passado que associa as comemorações celtas e cristãs a antigos ritos pagãos de celebração da passagem do tempo agrícola, em que se utilizavam pequenos candelabros ou velas dentro de vegetais para afastar espíritos malignos.

A abóbora é uma planta proveniente da América Central que se integrou na base alimentar da alimentação mediterrânica. Em termos botânicos, este alimento é considerado um fruto da família do melão e da melancia, no entanto, é habitualmente integrado na categoria dos hortícolas.

Em relação à sua composição nutricional apresenta um baixo valor energético (11 Kcal/100g) e um interessante conteúdo em compostos biológicos ativos, como é o caso dos carotenoides (α-caroteno, β-caroteno, luteína e xantinas) responsáveis pela sua cor laranja/amarela característica. O β-caroteno é o pigmento predominante neste alimento e apresenta como particularidade a conversão parcial em vitamina A no organismo. Para além da presença destas substâncias com elevado potencial antioxidante, a abóbora contém também bioflavonóides, bloqueadores dos recetores de determinadas hormonas relacionadas com o cancro, e esteróis que são convertidos em vitamina D no organismo. Possui ainda quantidades apreciáveis de potássio e outros minerais e vitaminas como ferro, cálcio, magnésio, vitaminas do complexo B e C. Desta forma, pode-se considerar a abóbora um promotor de saúde de baixo custo e com um baixíssimo conteúdo calórico associado a um elevado valor nutricional.

tabela-aboboraInformação retirada de Tabela de Composição dos Alimentos (1) (2)

Felizmente, em Portugal, a abóbora é rainha da festa todo o ano. Na cozinha pode ser considerada um alimento amigo do ambiente, uma vez que todas as suas componentes adquirem uma possível funcionalidade:

casca: elemento decorativo (ex.: dia das Bruxas).

polpa: ingrediente utilizado nas mais diversas entradas, sopas, pratos e sobremesas da gastronomia portuguesa (consulte algumas das nossas receitas aqui).

sementes: aperitivo a adicionar (triturado ou inteiro) em cereais de pequeno-almoço, sopas, saladas frias, legumes cozinhados e fruta. Dica de utilização: Colocar as sementes no forno durante, aproximadamente, 15 min. sem ultrapassar os 75ºC.

flores: adorno comestível em saladas.

Aproveite todos os benefícios da abóbora e integre-a na sua alimentação todo o ano!

Imagem retirada de Nancy Lowrie
Tópicos
Notícias

Acompanhe a discussão sobre: Abóbora – Nem Doçura Nem Travessura

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Artigos Relacionados

  • 20 Maio, 2023

    Portugal é o 8º país mais preparado para combater a obesidade

    Portugal é o 8.º país mais preparado para combater a obesidade, de acordo com o ranking World Obesity Atlas 2023, da World Obesity Federation, que analisa 183 países. O resultado deve-se ao conjunto de medidas de promoção da saúde que tem sido desenvolvido e que a Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, destaca hoje, Dia Nacional de Luta Contra a Obesidade.

    Ler mais
  • 19 Maio, 2023

    Novos dados da OMS Europa demonstram como a pandemia COVID-19 afetou os hábitos alimentares e de atividade física das crianças na Europa

    Foram hoje publicados e apresentados no Congresso Europeu de Obesidade (ECO 2023) novos resultados do estudo Childhood Obesity Surveillance Initiative (COSI) da OMS Europa, que descrevem os hábitos alimentares e de atividade física, o tempo de ecrã e outros aspetos relacionados com a saúde de crianças com idades entre os 6 e os 9 anos durante a pandemia COVID-19.

    Ler mais
  • recomendação de consumo de pescado nutrimento pnpas

    Recomendações para o consumo de pescado

    Foram publicadas esta semana as recomendações para o consumo de pescado para a população portuguesa. O consumo de pescado tem benefícios para a saúde, mas algumas espécies têm um teor de mercúrio elevado que pode representar riscos associados ao desenvolvimento cognitivo, sendo por isso de evitar o seu consumo em grupos vulneráveis como as grávidas, mulheres a amamentar e crianças pequenas. De acordo com estas recomendações, para estes grupos vulneráveis, o consumo de pescado entre 3 a 4 vezes por semana é o adequado, sendo que para a população em geral o consumo de pescado deverá ser mais frequente, até 7 vezes por semana.

    Ler mais