À luz da evidência atual a resposta é não. A evidência científica é escassa no que diz respeito à relação entre alimentação e o reforço do nosso sistema imunitário, não existindo nenhum alimento específico ou suplemento alimentar que possa prevenir ou ajudar no tratamento da COVID-19. As boas práticas de higiene continuam a ser a melhor forma de prevenir a doença.
De acordo com o artigo “Epidemias e Alimentação” publicado ontem no “Pensar Nutrição da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP) é referido que “ Na relação entre o SARS-CoV-2 e a alimentação também não existem soluções mágicas e quem o disser, no estado atual do conhecimento científico, pode não estar a guiar-se pela melhor evidência científica. (…) A evidência científica é escassa no que diz respeito à relação entre alimentação e o reforço do nosso sistema imunitário. Sabemos que, no geral, um estado nutricional e de hidratação adequados contribuem para um sistema imunitário otimizado. Assim, e apesar de, provavelmente, não existir um só alimento, nutriente ou suplemento capaz de modificar o curso da doença, no seu todo, uma alimentação que siga as regras da Roda dos Alimentos e que permita manter um bom estado nutricional poderá fazer a diferença face aos que não a seguem.”
Prova da não existência de evidência para esta relação, é o facto de a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), até o momento, não ter identificado ou autorizado qualquer alegação de saúde a um alimento ou componente que seja considerado adequado para a redução dos factores de risco de infeções.
Reforça-se que no contexto da prevenção da COVID-19, o que deve ser assegurado são as boas práticas de higiene e de distanciamento social, devendo ser seguidas as recomendações das autoridades de saúde, nomeadamente da Direção-Geral da Saúde.
Recomenda-se a prática de uma alimentação saudável, em particular as orientações presentes no nosso website. Estas recomendações podem ser particularmente relevantes para as pessoas que estão em isolamento devido à COVID-19, pois são muitos os estímulos para um consumo alimentar excessivo. Referimo-nos por exemplo ao açambarcamento de alimentos com excessivo valor energético e ao facto das pessoas estarem confinadas em casa com excesso de tempo livre e redução da atividade física habitual.
Apesar de à data não existir uma relação entre o consumo de determinados alimentos ou suplementos e o reforço do sistema imunitário, sabemos que à semelhança de outras funções fisiológicas do organismo, para garantir o normal funcionamento do sistema imunitário, é necessário uma alimentação equilibrada com a presença de diferentes nutrientes, desde logo os fornecedores de energia (hidratos de carbono, proteínas e lípidos) e vitaminas e minerais (como as vitaminas A, B6, B9, B12, C e D e o cobre, ferro, selênio, zinco) e água. Tudo o que se consegue encontrar quando se seguem as recomendações da Roda dos Alimentos.
Esta é também a posição da British Dietetic Assocation, a qual suportamos e replicamos neste artigo.