Os hábitos alimentares inadequados continuam no top 5 dos fatores que mais contribuem para a perda de anos de vida saudável pelos portugueses. Dentro dos hábitos inadequados que mais contribuem para a perda de anos de vida com saúde, o elevado consumo de carne vermelha, o baixo consumo de cereais integrais e o elevado consumo de sal são os principais erros a apontar à alimentação dos portugueses. Estes dados integram o estudo Global Burden Disease de 2019 e são apresentados pela primeira vez no relatório anual do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), que é hoje publicado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
Para além de um diagnóstico da situação epidemiológica, este relatório apresenta dados relativos à avaliação dos resultados alcançados por diferentes medidas que foram implementadas pelo PNPAS ao longo dos últimos anos. Durante 2020, o PNPAS fez um forte investimento na recolha de informação, com o objetivo de avaliar os resultados das diferentes medidas em curso, nomeadamente da lei que aplica restrições à publicidade alimentar dirigida a menores de 16 anos, da campanha para a promoção da alimentação saudável “Comer melhor, uma receita para a vida” que decorreu em novembro de 2019 e da implementação do rastreio nutricional nos cuidados de saúde hospitalares.
Os canais infantis não apresentam atualmente publicidade a alimentos, porém, cerca de 10,4% dos anúncios publicitários nos canais de TV generalistas são relativos a alimentos. Nestes, a maioria (65,6%) dos alimentos que são publicitados não cumprem o perfil nutricional definido pela DGS e 18,6% dos anúncios a alimentos ainda apresentam conteúdo dirigido a crianças.
Comparando estes resultados com os de outros países, verifica-se que em Portugal há uma menor percentagem de publicidade a alimentos na TV, tendo-se verificado uma diminuição comparativamente com o ano de 2008, em que 27,1% dos anúncios eram relativos a alimentos.
Relativamente à avaliação do impacto da campanha “Comer melhor, uma receita para a vida”, cerca de 40,6% dos inquiridos reportaram ter visto pelo menos um dos elementos audiovisuais da campanha e, destes, 12,9% recordam-se da sua mensagem principal. Estima-se assim que o valor final de share da população que teve contacto com a campanha e que compreendeu a mensagem seja de 5,2%, o que representa aproximadamente meio milhão de portugueses.
O vídeo foi o elemento audiovisual da campanha que teve maior alcance, tendo chegado a 26% dos inquiridos e a televisão foi o meio de comunicação que permitiu obter um maior alcance da campanha. Cerca de 20-30% dos inquiridos reportou ainda que esta campanha foi capaz de alterar as suas crenças e perceção em relação à facilidade em aumentar o consumo de hortofrutícolas, leguminosas e água. Os resultados obtidos ao nível da alteração do comportamento foram também semelhantes, com cerca de 20-26% dos inquiridos a relatar a alteração de atitudes/comportamentos relativos ao consumo destes alimentos.
Quanto à melhoria da prestação de cuidados nutricionais, em particular ao nível dos cuidados de saúde hospitalares, a maioria das unidades hospitalares do SNS (68,3%) têm atualmente o rastreio do risco nutricional implementado. Após a entrada em vigor do Despacho n.º 6634/2018, que determinou a identificação do risco nutricional a todos os doentes hospitalizados, tem-se verificado um aumento do número de doentes hospitalizados que são submetidos ao rastreio nutricional. Estes e outros dados podem ser encontrados no relatório anual do PNPAS que é publicado hoje no site da DGS.
Pode consultar o relatório aqui.